Resultado na produção de vieiras no Laboratório de Pesquisa e Produção em Maricultura Sustentável aponta sucesso na atividade.

10/03/2025

No Estado do Rio de Janeiro, as características geográficas e ambientais favoráveis impulsionaram o desenvolvimento da maricultura na região da Costa Verde, situada no litoral sul em Angra dos Reis (FIPERJ, 2021). A Baía da Ilha Grande, localizada no litoral sul fluminense, abrange os municípios de Paraty, Angra dos Reis e Mangaratiba. A maricultura está presente na região há cerca de 20 anos, com as primeiras iniciativas surgindo para impulsionar a atividade. Sua efetivação ocorreu em 1996, através das comunidades pesqueiras tradicionais da Ilha Grande, com apoio da Prefeitura Municipal de Angra dos Reis (PMAR) e da Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca (SMAP).

O Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Baía de Ilha Grande foi a maior ação voltada à aquicultura familiar no município. O mexilhão Perna perna foi a primeira espécie cultivada, devido à sua facilidade de manejo e obtenção de sementes diretamente do ambiente natural. Paralelamente, experimentos foram conduzidos com a vieira Nodipecten nodosus, espécie nativa da Baía de Ilha Grande (MOSCHEN, 2007).

Na década de 1990, o Projeto de Repovoamento Marinho da Baía de Ilha Grande (POMAR) foi desenvolvido pelo Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía de Ilha Grande (IEDBIG), uma organização não governamental de cunho social, ambiental e científico. O principal objetivo do projeto foi estabelecer a maricultura através da reprodução da vieira Nodipecten nodosus em laboratório. 

Em 2020, através de uma parceria entre a UERJ, UFRJ e Ministério da Saúde, foi instalado na Praia do Bananal, Ilha Grande, o Laboratório de Pesquisa e Produção em Maricultura Sustentável, vinculado à Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O principal objetivo inicial era a produção de matéria-prima proveniente das vieiras para pesquisas sobre neoplasias malignas (câncer), além do fornecimento de sementes aos maricultores locais. A produção envolve setores especializados, como cultivo de microalgas, reprodução assistida, larvicultura e fase de engorda no mar. O estudo desenvolvido buscou estabelecer protocolos de cultivo da vieira Nodipecten nodosus e identificar melhorias no processo.

Em 2024, o laboratório foi transferido para a Praia de Matariz, Ilha Grande, visando otimizar suas atividades e ampliar sua capacidade produtiva com espaço físico que permitiu a operacionalização de setores individualizados para cada etapa do processo de reprodução.

Em novembro de 2024, foi realizada a primeira larvicultura no novo laboratório, resultando na contabilização de aproximadamente 41.090 sementes no manejo de janeiro de 2025. O laboratório encontra-se em pleno funcionamento, com a realização contínua de larviculturas sucessivas.